Filme "Turistas", boicote, complexo de inferioridade... ô preguiça

Que saco! Fim de semana muito bom, mas de tão bom fiquei sem assunto pra tratar no blog (apesar de, como diz o Agamenon Mendes Pedreira, só eu e meus 17 leitores sabermos que ele existe). Então vejo uma nota no Globo sobre mais um desses filmes insuportáveis de jovens que se drogam, fazem sexo e são assassinados. Toda semana tem um. Mas esse se passa no Brasil, e os caras tomam um "boa-noite Cinderela" e depois são raptados por uma quadrilha de tráfico de órgãos.

Há palhaçadas, como um médico que coordena essa captação de órgãos dizendo "os gringos vêm aqui e tomam tudo de nós, estamos agora devolvendo ao povo", como cita o leitor de O Globo que assistiu ao filme nos EUA (leia aqui). Concordo com ele, que não é uma ameaça orquestrada ao Brasil, apenas mais um caso de visão distorcida propositalmente ou não, pra ganhar dinheiro, que é o que os norte-americanos sabem bem fazer.

Mesmo assim pensei: "vão começar a chiar que isso é um complô contra o Brasil, aí o Jô Soares vai falar sobre isso, aí um monte de deputados e senadores (esse Heráclito Fortes fala mais bobagem que o Rubinho, mas menos que o Diogo Mainardi) vão pedir a palavra na tribuna do Congresso pra protestar, etc, etc. E, no fim, vão aparecer mensagens na Internet dizendo pra gente boicotar o filme".

Bom, os deputados e o Jô não sei se já falaram, mas enquanto tentava arrumar um tempo pra escrever isso aqui, já recebi a tal "convocação de boicote" duas vezes. Ô saco.

Eu acho que nós, brasileiros, somos completamente frustrados e chorões. A gente não cuida do nosso país, joga lixo no chão, desperdiça água, fecha cruzamento, sonega imposto e depois vem reclamar que os outros falam mal da gente. E tem inveja de quem faz sucesso, já diz o Caetano. E torce sempre pro mais fraco, pro coitadinho, porque nos identificamos com ele, é o Rubinho, são todos os "inhos".

Estávamos falando disso ontem, à mesa com os amigos, né, Bia? Eu acho legal quem se impressiona com a educação do povo lá de fora, e tem vontade de se mudar (incluindo EUA, apesar de todo o ódio que tenho aos seus governantes). Mas não saio do Brasil não. Vou ficar aqui, como um Dom Quixote, lutando esta luta perdida por um mínimo de cidadania, de respeito ao próximo e ao meio ambiente.

Os mesmos caras que convocam esta 'cruzada cívica' pra defender o país votam no candidato a deputado amigo da mãe dele, sem saber quem é, brigam na rua, saem sem pagar dos botecos, estacionam em fila dupla, etc. Vão pentear macaco (expressãozinha sem graça, mas que substitui o palavrão que deveria estar aqui), existem maneiras mais inteligentes de ser patriota.

Com relação ao cinema, cinema é ficção. Ninguém deixa de acampar nos EUA por medo de achar o Jason e ser mutilado. Ou de pedir carona e ser morto pelo Rutger Hauer. Ou viajar pro Japão e ser decepado pelos ninjas. Se não puder rodar filme de seqüestro e morte em lugar nenhum pro país não levar a fama, então não tem filme de ação nem suspense em lugar nenhum. Há exageros, como o desenho dos Simpsons que mostra o Rio de Janeiro com macacos andando na rua, ou os citados pelo leitor lá em cima. Mas não é caso pra indignação nacional.

Isso é chororô à toa. Não vou assistir porque não tenho saco pra esse tipo de filme medíocre. Mas prefiro contribuir com o Brasil fazendo as coisas certas, educando meus filhos, ensinando a não fazerem aquele tanto de coisas que escrevi aí em cima, do que resmungando do que os outros acham da gente.

Ah! Quem quiser ver o trailer (filminho de quinta categoria, que vai encher o bolso dos picaretas que o fizeram graças aos bobalhões patriotas de plantão), clique aqui.