30.12.11

O que é um ano? Novo?

Ahn... escrevo nesse blog tão raramente que nem sei mais como começar. O fato de escrever pouco é mezzo vício na rapidez do Twitter e seus pequenos comentários em RTs, mezzo falta de conteúdo mesmo.


Não vou apelar para o Google, nem clicar em algum link aqui do lado pra ver quais foram meus últimos posts, mas o último sei que foi ajudando, dentro do meu pequeno mundinho, a divulgar a generosidade de um amigo que tem um caráter e uma grandeza muito maior que os meus. O penúltimo, vou chutar: é sobre Dilma, Serra (ai) ou Aécio (aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai, não!).

Enfim, resolvi que só vou escrever nesse boteco quando tiver alguma coisa a dizer. E eis que não tenho nada a dizer. Tô aqui em casa sozinho, minha esposa tomando sua merecida cerveja por aí, meus coleguinhas da Task cada um com sua família também comemorando, meus filhotes... devem estar jogando videogame, não estão comigo desta vez, irmãzinhas, paizinho, mãezinha, cada um no seu quadrado. Aqui, só Lola e eu.

Aí começo a ler as coisas babacas de sempre (chuva de papel picado, metas de ano-novo, um post de 'feliz ano-novo' do meu sensacional amigo Hagi (daqui a pouco posto o link, senão perco o fio da meada), outro genial do Flávio Gomes, o maior escriba deste país, e resolvi, turbinado já por algumas cervejas, que não sei mais quantas, porque estão todas na sacolinha pra reciclar, escrever também o meu.

Pra quem me conhece, sabe que não vai vir nada do tipo 'paz, saúde, que algum deus ou estátua esteja contigo e te abençoe', etc. Não. A parada é outra.

Um ano são só 365 dias. Até um mês atrás, abominava até a ideia de refazer projetos para o ano que se inicia, porque um dia é apenas um dia, dia 1 de Janeiro é um domingo, logo após 31 de dezembro, sábado. O que vai mudar na sua vida da hora que dormir até a hora que levantar? Porra nenhuma.

Mas, assim como nos negócios, temos metas na vida e temos pontos de conferência para ver se os resultados estão no rumo que projetamos, se precisam de algum ajuste, etc. O famoso PDCA (Plan-Do-Control-Act) que quem fez Administração ou qualquer MBA, ou leu qualquer livro fajuto de guru que te promete ficar rico sabe).

Porra, então, Tales, deixa de ser chato, deixa o 31/12 ser o dia de conferir se as metas pessoais de cada um foram batidas, se tem que mexer em algo, se tá tudo certo, conferir as variáveis do ambiente externo e interno, elaborar novas metas, e toca o barco.

Sem viadagem, sem querer que o ano seja 'totalmente diferente do que se foi'. Não será, será uma continuidade, com pequenos ajustes, pra melhor ou pior, depende de você, sacou? Sem achar que você deu sorte, ou azar, que deus ajudou, ou não, e que dia 1/1 é um 'nasci de novo' (a expressão mais brega que se vê na TV).

Enfim, sigo minha vidinha pequenininha. Crio minhas coisas aqui, tomo minhas porradas ali, me alegro com meus amigos, filhos, esposa, trabalho, meus ideais. Reciclo meu lixo, luto de graça o dia inteiro por um país mais justo pra todos nas redes sociais e, quando dá (sei, deveria ser mais, escrotice minha) no mundo físico. Raramente peço favor pr alguém. Todo dia faço vários favores pra muita gente. Essa é a parte chata. Acho que me comporto bem no trânsito e perante a sociedade em geral, com correção, ética, gentileza. Coisas com as quais não tenho que me orgulhar, porque são obrigação.

Então não tenho nenhuma meta pra 2012. Acredito que, me comportando corretamente, trabalhando bastante sem deixar de dar atenção aos que precisam de mim, estou fazendo o que deve ser feito. Se tem (e tem!) gente insatisfeita nesse balaio que me cerca, é porque o dia só tem 24 horas. Se todo mundo morrer amanhã, não vai ter um pelo qual vou dizer 'aaaaah, eu deveria ter te dado mais atenção'. Faço o possível, né?

Eu acho que estou no caminho certo, o Brasil está no caminho certo, meus amigos estão no caminho certo, minha família está no caminho certo, as pessoas em geral (mais os pobres que os ricos), bem aos poucos, vão ficando mais educadas e conscientes sobre conservar o lugar em que vivemos e sobre conviver em harmonia. Ah, ressalto que 'certo' significa o que eu acredito ser certo.

Então vamos combinar só algumas coisas? Já que querem 'metas' de ano-novo, que tal essas?

- Reciclar seu lixo e levar a algum lugar, dos poucos, que esse prefeito escroto nos disponibiliza

- Jamais, JAMAIS, jogar lixo no chão.

- Não parar em fila dupla, não estacionar em local proibido, não fechar cruzamento, não parar em cima da faixa de pedestre

- Não fofocar nem ficar falando dos outros à toa. Vá ler alguma coisa, um livro, tomar uma cerva, um vinho.

- Não espalhar notícias, e-mails, powerpoints, twitters, sem tentar ler antes, apurar, saber do que se trata. Você que está lendo aqui é inteligente, muita gente acredita no que você fala.

- Não encher o saco dos outros com seus problemas, não pedir favores desnecessários, não pedir 'ombro amigo'. Ombro amigo de ** é r**a. Se cada um cuidar dos seus próprios problemas, o mundo não tem problemas (dentre aqueles, claro, que têm condições de cuidar deles, e você faz parte deste grupo).

- Seu tempo não é mais importante que o de ninguém, nada me irrita tanto quanto gente que trabalha, sei lá, 10 horas por dia, pegar o tempo de descanso dos outros que trabalham 10 também, ou 8, ou 12, ou 14, dane-se, pra empurrar suas tarefas que não dá conta ou simplesmente pra resmungar 'ah, tô trabalhando demais... ah, preciso de descansar... ah, preciso de férias'. Dane-se, meu amigo, sua vida são suas escolhas, supondo você as tem. Lembre-se que tem gente que não tem escolha, você fez as suas. Então não me encha o saco.

As pessoas hoje mal têm tempo de resolver seus próprios problemas, não perturbe a galera com suas fraquezas.

Fácil, né? Sem isso, como esperar algo do resto do mundo? Se todo mundo fizer isso, não precisa perder seu tempo pedindo coisas pra entidades que, por não existirem, jamais te atenderão.

Seu 2012 depende de você, meu camarada. É isso.

Abraço a todos!

E se tiver erro de ortografia, vou deixar dessa vez, preguiça de conferir tudo como sempre faço. Vocês me perdoarão desta vez.

Escrevi muito? E escrevi nada. É isso. Mais uma cerveja, dar ração pra Lola.

30.11.11

A Corrente do Bem - Natal 2011

Fim de ano, e meu grande amigo Alexandre Trindade, mais uma vez, dá um exemplo de cidadania e solidariedade com sua já tradicional Corrente do Bem. Encaminho e-mail dele e convido todos a participarem da maneira que puderem. A Task, e eu com minha esposa também, participamos todo ano, é muito bonito o que ele faz.

Segue o texto:

------------------------------------------------------------------------

Amigos,

Tudo bem com vocês?
Neste ano iremos ajudar uma colônia de leprosos, denominada Colônia Santa Izabel (Para conhecer um pouco mais sobre o hospital/colônia: acessem http://jornalistaruitherferrao.blogspot.com/2007/06/colnia-santa-isabel-o-homem-e-lepra_19.html. Desculpem-me, mas acredito que a colônia não tem página própria e não encontrei muita coisa dela na NET.

Enfim, a colônia está precisando de uma TV para entreter os leprosos, e o CB está fazendo uma campanha pra ver quem pode ajudar na vaquinha. Além da compra, vamos tentar ajudar também a financiar um passeio de Natal para as 150 crianças leprosas. Logo, dos donativos que recebermos, iremos comprar a TV e tentar ajudar a financiar também este passeio.

Se possível, gostaria de pedir a ajuda de vocês para divulgação da empreitada do CB este ano na Task, com amigos e/ou familiares, já que é provavel que entreguemos os donativos no dia 20/12.

Para depósitos, os dados da conta do CB mudou:
Banco: 033 (Santander)
Ag. 3129
CC: 600030138

Desde já lhes agradeço a atenção,

Um Grande Abraço,
Alexandre Trindade
www.acorrentedobem.blogspot.com
----------------------------------------------------------------

23.7.11

Amy Winehouse

A esta hora, todo mundo está dando seus palpites, dizendo que gostava, fazendo piadinha, etc. Fiquei sabendo agora há pouco, no carro, na correria social do fim de semana, junto com minha preta, lamentamos muito.

Só pra começar: Amy, junto com Clapton e Johnny Cash, são as únicas coisas 'não-rock' que escuto.

Os almoços, pirações, e pequenas farras que fazemos aqui em casa, só minha Preta e eu, são geralmente sonorizados por Amy, AC/DC, Ozzy ou Metallica.

Amy Winehouse foi nossa interseção musical - e música é uma das coisas que é definitiva no dar certo ou não de um casal: Bia, mulherzinha fofinha, e Tales, o ogro do metal. Amy nos unia, no som, na personalidade que em muito nos atraía e também em muito nos preocupava: até onde podemos ir na nossa tentativa de maluquice?

Desde que tive a ideia da Contém 1 Cérebro, há mais de 2 anos, uma das estampas (que sairá em Setembro) seria em homenagem a Amy, Cássia Eller, Cazuza, Kurt Cobain, Janis, Hendrix e tantos outros que agora são lembrados, até por clichê, quando sai a notícia da morte da 'nova diva do jazz'. A estampa vai se chamar (vamos lançá-la mesmo assim, mesmo correndo o risco - pra quem não nos conhece - de soar oportunistas) '10 anos a 1000' (by Lobão).

Nossa cachorrinha linda, a Lola, iria se chamar Amy Winehouse. Ficou Lola porque quem manda são os filhos, Artur escolheu Lola. Tá, homenagem tosca essa, botar nome em cachorro. Mas quem tem cachorro sabe que é uma coisa tão importante que sabe como vale essa homenagem.

Pois é, ficamos assim. Homenagem pública, sincera, emocionada. Mulher doidona, voz do caramba, música agradável. Não era rock na música, mas é tudo que o rock precisa e não encontra mais. Atitude de não se encaixar no perfilzinho caretão que o mundo exige hoje: comer mamão com aveia, não beber, não fumar, praticar esportes, não comer gorduras, escovar dentes, passar fio dental, o escambau. Vai fazer muita falta

20.7.11

Jogos Educacionais para Transformação Social

Reproduzo abaixo convite que recebi da minha genial amiga Chris Metzker. Como pai de 2 viciados em videogame e computador, adorei a iniciativa e acho que pode dar muito resultado.

Leia com calma, veja que projeto legal e ajude a divulgá-lo e a vencerem o desafio.

-----------------------------------------------------------------------------
Olá, amigos!!!

A maioria de vocês já conhece meu projeto, certo? Quem não conhece, pode conhecer agora que estamos participando de um desafio global. As ideias são analisadas pela equipe organizadora, mas a quantidade de comentários e "likes" é levada em consideração.

O site está em inglês, naturalmente, mas o google tradutor taí pra isso, né? Ele está bem esperto, então quem não souber inglês, é só traduzir e colar :-)


O prêmio ao qual estamos concorrendo é de CEM MIL DÓLARES!!! E o melhor, vocês não precisam contribuir com nenhum centavo, só mesmo comentar, dizer o que acharam e dar sugestões (a parte mais importante para nosso desenvolvimento!!).

Conto com o apoio de todos!! Postamos a ideia no último dia e precisamos correr atrás do prejuizo, pois algumas ideias já estão bombando lá faz um tempão.

Temos um video explicando a ideia no link:

E aqui o primeiro video que fizemos, quando tivemos a ideia. Ainda não estava totalmente estruturada:

Muitíssimo obrigada!!

Chris
Equipe JETS
-----------------------------------------------------------------------------

Nós, seus amigos, e a educação é que agradecemos, Chris! Parabéns por mais este projeto! Vamos ajudar, pessoal!

25.5.11

Votação da anistia a desmatadores: um jeito simples de saber de que lado está seu deputado

Ontem à noite tivemos a votação de um projeto de suma importância para o futuro do Brasil (porque não, do planeta, dado o nosso tamanho) e sua afirmação como potência mundial: o novo Código Florestal que, define, de modo sucinto, regras para utilização do solo na agricultura.

Não vou me alongar explicando o projeto, até porque não tenho competência pra isso. Reconheço que é e foi necessário ouvir os vários setores da sociedade e fazer o acordo 'possível', ao invés do ideal, cedendo em muitos pontos aos representantes dos ruralistas que, via de regra, são latifundiários e desmatadores.

O mais importante nem foi a votação do texto base do código em si, elaborado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB), mas a emenda apresentada pelo (argh) PMDB (PL Nº 1876/1999 - DVS - PMDB - EMENDA Nº 164) com duas alterações: a anistia para quem desmatou até 2008 (ou seja, aqueles que passaram a motosserra sem dó antes da aprovação do código, se lixando para a lei), e a autonomia dos estados para definirem limites de áreas de preservação.

Assim, não foi surpresa a aprovação por ampla maioria do texto-base, mas a aprovação da emenda 164.

Reproduzo abaixo a lista dos votos dos deputados mineiros (a lista completa está aqui). 'Sim' foi quem votou a favor da anistia aos desmatadores. 'Não' foram os poucos que votaram contra, e que merecem nosso respeito e nossos votos no futuro.

Decepção pelo voto da minha deputada Jô Moraes (PCdoB) que, como todos os deputados do seu partido, votou a favor da anistia. Não sei se a desculpa é pra apoiar o relator Aldo, que é do PCdoB, que estava sendo muito pressionado de todo lado - o que, aliás, não é desculpa, podia fazer igual ao PT, votar a favor do texto base, mas jamais aprovar a emenda da anistia. O fato é que não voto mais nela.
Decepção também pelo deputado Eros Biondini, tão defendido e exaltado pelo meu amigão Raphael Maia, ter votado 'Sim'. Para um deputado que se elegeu defendendo 'a vida', muito estranho apoiar a devastação da natureza. Quem votou nele que o cobre.

Em compensação, orgulho total do PT ter votado unanimemente contra. Para o PT, para Dilma, e para mim, essa emenda 'é uma vergonha para o Brasil'. E hoje o mundo já repercute negativamente esta aprovação.

E mais uma vez (é surpresa pra alguém?), nojo de PSDB, DEM e PMDB, de onde não saiu um voto sequer pelo 'Não'. Afinal, são eles os fazendeiros e/ou políticos financiados por pessoas/empresas que só querem sugar todos os recursos naturais em seu benefício, e dane-se a população, o país e o meio-ambiente. Até nos fisiologistas PP e PR houve dissidências, mas nos partidões dos coronéis a ordem é agradar os poderosos e mandar a população e o ambiente às favas.

Tape o nariz, veja se seu deputado votou a favor ou não, cobre dele e pense bem na próxima eleição.

Parlamentar Partido Bloco Voto
Rodrigo de Castro PSDB Abstenção
Lincoln Portela PR PrPrbPtdobPrtbPrpPhsPtcPsl Não
Dr. Grilo PSL PrPrbPtdobPrtbPrpPhsPtcPsl Não
Luis Tibé PTdoB PrPrbPtdobPrtbPrpPhsPtcPsl Não
Júlio Delgado PSB PsbPtbPcdob Não
Antônio Roberto PV PvPps Não
Fábio Ramalho PV PvPps Não
Ademir Camilo PDT Não
Walter Tosta PMN Não
Márcio Reinaldo Moreira PP Não
Gabriel Guimarães PT Não
Gilmar Machado PT Não
Leonardo Monteiro PT Não
Miguel Corrêa PT Não
Odair Cunha PT Não
Padre João PT Não
Weliton Prado PT Não
José Humberto PHS PrPrbPtdobPrtbPrpPhsPtcPsl Sim
Aelton Freitas PR PrPrbPtdobPrtbPrpPhsPtcPsl Sim
Aracely de Paula PR PrPrbPtdobPrtbPrpPhsPtcPsl Sim
Bernardo Santana de Vasconcellos PR PrPrbPtdobPrtbPrpPhsPtcPsl Sim
Diego Andrade PR PrPrbPtdobPrtbPrpPhsPtcPsl Sim
Jaime Martins PR PrPrbPtdobPrtbPrpPhsPtcPsl Sim
George Hilton PRB PrPrbPtdobPrtbPrpPhsPtcPsl Sim
Jô Moraes PCdoB PsbPtbPcdob Sim
Eros Biondini PTB PsbPtbPcdob Sim
Geraldo Thadeu PPS PvPps Sim
Jairo Ataide DEM Sim
Marcos Montes DEM Sim
Vitor Penido DEM Sim
Zé Silva PDT Sim
Antônio Andrade PMDB Sim
João Magalhães PMDB Sim
Newton Cardoso PMDB Sim
Paulo Piau PMDB Sim
Saraiva Felipe PMDB Sim
Dimas Fabiano PP Sim
Toninho Pinheiro PP Sim
Stefano Aguiar PSC Sim
Bonifácio de Andrada PSDB Sim
Carlaile Pedrosa PSDB Sim
Domingos Sávio PSDB Sim
Eduardo Azeredo PSDB Sim
Eduardo Barbosa PSDB Sim
Marcus Pestana PSDB Sim
Paulo Abi-Ackel PSDB Sim

10.4.11

Ozzy em BH - uma resenha apaixonada

Resolvi seguir o exemplo do meu amigo @raphaelhagi, que costuma fazer uma resenha dos shows que presencia, principalmente do Iron Maiden, e registrar aqui minhas impressões sobre o show do Ozzy 'Príncipe das Trevas' Osbourne no (lamentável, como sempre) Mineirinho, em BH, 09/04/2010.

Primeira coisa a registrar é que, pela primeira vez (com o perdão da redundância) que deixei pra comprar ingresso de última hora. Vários fatores, como a indecisão da minha esposa sobre ir ou não, ver se conseguir autorização judicial (não consegui) pra levar meu caçula ao show, etc, fizeram com que eu só adquirisse de fato o ingresso na sexta, véspera do show. Paguei muito mais por isso, mas aprendi. Sem detalhes sobre o processo, não é o objetivo.

Como sempre acontece em shows de metal, que frequento desde 1989, quando entrei na faculdade, o clima é de paz, confraternização e, principalmente em BH, alegria por ter acesso a um show de rock pesado, em uma cidade onde parece que é obrigatório gostar de axé, sertanejo e forró. Se dizemos que vamos a um show de metal - e que vou levar o filho -, ouvimos: 'você tem coragem? Não tem muita briga não? Muita droga?'.

Registro aqui o que digo sempre: NENHUM SHOW TEM MENOS DROGAS E MENOS VIOLÊNCIA QUE UM SHOW DE HEAVY METAL. São 22 anos, foram raríssimas as vezes em que o clima pacífico foi quebrado, normalmente por algum playboy que resolve ir porque tá na moda (como em Metallica, ou coisa parecida), fuma maconha demais e resolve provocar todo mundo. A regra é paz total, quando comecei a levar meu filho então, com 9 anos, é uma festa geral, recebia parabéns, a galera se oferecia pra ir pegar refri pra ele, comida, etc.

Realmente me sinto muito bem em shows de metal. Me sinto bem já na chegada, vendo aquela galera fanática, andando em direção ao lugar. Me sinto bem na fila, na escolha do lugar, na espera, durante o show. Um momento de realização, de verdade, de alegria por ter escolhido um caminho musical que carrega junto uma atitude de celebração e paz.

Vamos ao show em si. Como já sabemos, Ozzy - e vários artistas atualmente - começa o show pontualmente. A história de atrasos de 2, 3 horas, é coisa do passado. Sabendo disso, chegamos cedaço porque escolhi ir de arquibancada pra garantir visibilidade ao meu filhão de 12 anos. Louco pra voltar pra pista :) Escolhido o lugar (bem longe do lugar onde ficamos no Maiden, de frente para o palco, onde o som chega monstruosamente ruim), aguardamos uma meia hora, assistimos ao show da banda Hibria que, a despeito do som, pareceu ser bastante competente na linha Helloween que escolheu. Vou acessar o site deles e tentar ouvir algo.

Não sei se é porque já escutei centenas de vezes os CDs eo DVD de 2002 e fui ao show no Rio em 2009, mas estranhei não começar com 'I don't Know'. 'Bark at the moon' foi legal pra começar, Ozzy é muito cativante, desde o primeiro minuto conquista até aqueles que estão lá só porque alguém falou que seria legal. Havia, sim, alguns playboys desses de cabelinho com gel, malhadinhos, sem camisa, com tatuagem japonesa e cueca aparecendo, mas foram poucos e não incomodaram ninguém, exceto por cantar tudo errado :)


A segunda música foi 'Let me hear your scream', péssima como 99% do que Ozzy fez de 1982 pra cá. Pelo menos, num raro exemplo de bom senso, ele reconhece isso e só tocou essa porcaria do disco novo ('Scream'), e o resto do show foram só clássicos, a maioria com mais de 30 anos. Prefiro isso a ver um Iron Maiden gastar uma viagem ao Brasil pra tocar o horroroso 'Final Frontier'. Só o Hagi mesmo...

A essa altura, minha esposa já estava apaixonada pela gentileza, empolgação e carinho do Ozzy com o público ('príncipe das trevas nada, ele é um ursinho') :) Ozzy parece sempre curtir cada música, sorrindo generosamente, interagindo com o público 100% do tempo, fazendo mais polichinelos que qualquer professor de academia - como sempre, uma resposta aos manés que vêm com o clichê de que ele está morrendo, não consegue mais andar nem cantar, etc). Um showman, o maior de todos, vale cada centavo.

'Mr. Crowley' coloca fogo no Mineirinho pela primeira vez (em várias) na noite. A clássica canção que imortalizou o saudoso Randy Rhoads e inaugurou o estrelato de Ozzy em carreira solo, em 1980, levou o Mineirinho abaixo. Sentimos saudades dos malabarismos de Zakk Wylde, que deixou a banda recentemente. O novo guitarrista é competente, mas não é nada perto de Zakk, que pra alguns chega a irritar de tanta gracinha que faz com a guitarra, além das tradicionais cuspidas. Bola pra frente, bem-vindo Gus G, a responsabilidade é grande. Nota engraçada é que Ozzy tentou fazer a galera gritar o nome dele uma hora, mas o som era tão ruim que quem não sabia seu nome (como eu), não entendeu nada e fez só barulho genérico.

'I don't know' segue incendiando o público, as músicas do Ozzy parecem perfeitas para interagir com a platéia: trechos de voz intercalados com riffs em que ele aproveita pra mandar todo mundo bater palma, gritar 'oi oi oi', etc. Não sei em que momento começou, mas Ozzy ficou louco com a galera gritando 'olê olê olê olê... Ozzêêêê Ozêê :) Os gringos adoram esse 'olê olê'.

'Fairies wear boots' foi o primeiro momento Black Sabbath da noite. Prefiro esse show com 5 músicas do Sabbath que os outros que incluem mais músicas novas ou pós-1981, mas essa, do repertório, é a que menos gosto. Bem psicodélica, combinava com Sabbath, mas não combina com o showman Ozzy de 2011. Talvez tenha sido o momento mais frio do show. Ou menos quente, porque o show foi delirante o tempo todo.

Ops, me engano. 'Suicide solution' foi a pior do show. Acho essa música fraca desde sempre, não entendo porque Ozzy insiste em mantê-la no setlist, talvez porque tenha marcado sua carreira pelo episódio em que a polícia dos EUA quis culpá-lo porque um maluco se suicidou ouvindo esta canção. Ele enfrentou um longo processo, descrito em sua biografia ('Eu sou Ozzy'). Fraca demais.

Eu sempre acho que, fora Mr. Crowley e a abertura, o show pega fogo (estou usando esta expressão o tempo todo, mas não há outra que descreva melhor o que é Ozzy Osbourne) depois que toca Suicide Solution. A partir daí, normalmente, só clássicos.

Vieram então a quase-balada e já figurinha carimbada em shows 'Road to Nowhere' e o Mineirinho desaba pela segunda vez na noite com 'War Pigs', dos tempos de Sabbath. Indescritível, o início com as sirenes, a galera que não conhece olhando para os lados, fantástico. Segue com 'Shot in the Dark', música média pra fraca mas que, dada a ruindade das músicas pós-1981 ou 1982, segue no setlist ainda provocando algum frisson.

Aí vem a novidade dos shows do Ozzy: uma instrumental pra ele ir descansar. Ao invés de só solos, a grande 'Rat Salad', do Sabbath, entremeada por um solo performático, mas previsível - dentro da grandeza que se espera de guitarristas do Ozzy - de Gus G, e de um surpreendente, incrível, pesado, brutal solo de bateria de Tommy Clufetos, que substituiu o ex-Faith no More Mike Bordin nas baquetas do madman. Desde o início, chamei a atenção para Artur, meu filho, sobre a força com que o cara soca a batera, e no solo então foi um delírio total, o cara é um monstro.


O texto já está muito grande, só posso dizer que 'Iron Man', 'I Dont' want to change the world' e a mega-clássica 'Crazy Train' continuaram o espetáculo delirante que fez com que todos, TODOS cantassem ou tentassem cantar o tempo todo, batessem palmas e seguissem todas as ordens do mestre, sem perder o pique.

Tradicional 'if you ask me one more song, I'll play for you', que a galera de BH não entendeu e só gritou 'ÊÊÊÊÊÊÊ', e vem o bis com a lenta 'Mama I'm coming home' e a destruidora, maior de todas, imortal 'Paranoid'. Fim do show com setlist definido, sem nenhuma surpresa, tudo cronometrado mas nem por isso menos histórico e inesquecível.

Cada show do Ozzy eu costumo encarar como uma oportunidade que pode ser a última. Pela vitalidade que ele mostrou ontem, acho que vai continuar nos surpreendendo.

A galera metal de BH talvez não merecesse um show desses, porque o do Maiden em 2008 não encheu, todo mundo fica reclamando que não tem show de nível, mas na hora reclama que tá caro, que Mineirinho é ruim, etc. Não interessa, de fato é o pior lugar do mundo pra ouvir música, mas tem que ir. Só assim virão outros.

Fantástico. Só isso. Quem foi não vai esquecer. E pela cara do Ozzy, ele também gostou bastante, de verdade.

Abaixo, pra não passar batido, fotinhas da galera que é minha vida - faltou meu caçula que, já prometi, estará conosco no próximo do Matanza em BH. Artur, Bia, Marquim e eu.