5.1.07

Continuo não aceitando a arrogância e ignorância do Império

A execução de Saddam, enforcado e humilhado, ainda não saiu da minha cabeça. Como o mundo pode aceitar que os EUA detonem os direitos humanos e o senso de civilização desse jeito? Já esquecemos do assunto, vamos aguardar o próximo?

Por que nos movimentamos pra reclamar do aumento do salário dos deputados e falamos sobre o enforcamento do cara como se não nos atingisse? Atinge sim, cada vez que o Império pisa no mundo e age segundo o que manda o próprio nariz todos nós estamos morrendo um pouco.

Tereza Cruvinel, de O Globo, colocou hoje em seu blog comentários viscerais sobre essa barbaridade, que reproduzo abaixo - o post completo pode ser lido aqui

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(...) E não venham os EUA dizer que nâo têm nada com isso, que foi tudo obra do governo iraquiano. Sabemos todos que aquele governo é seu fantoche, lá posto para acirrar o conflito entre xiitas e sunitas, levar o Iraque à guerra civil e facilitar a pilhagem de seus recursos petrolíferos. Não podem os EUA dizer que não têm nada com isso porque eles têm Guantánamo, a prisão também medieval que mantêm na base cubana, onde há centenas de prisioneiros que não têm processo ou culpa formada, não foram julgados, enfrentam torturas. Vivem em tão precárias condições que alguns deles, não fz muito tempo, mesmo sendo muçulmanos, desafiaram o Alcorão, que condena o suicídio como blasfêmia, e se mataram. Entre os prisioneiros, há 17 jovens com menos de 18 anos! Guantánamo e o enforcamento de Saddan são duas faces do arbítrio americano. Em ambos, o governo americano mostra que confunde Justiça com Vingança. E quando isso acontece, estamos nos afastando do Estado de Direito, da Civilização, e regredindo em direção à barbárie e às trevas.

Mas quem há de enquadrar os EUA, de sujeitar o Império a algum paradigma do direito internacional e de respeito aos direitos humanos? O Império não dá satisfações a ninguém, nem mesmo à ONU. Mas os países livres devem externar sua repugnância. Quase todos, à exceção da Inglaterra o fizeram, e devem continuar fazendo. O Império é poderoso mas não é surdo. Dentro de seu território, o obscurantismo, a obnubilização das consciências que permitiu a era Bush, começa a dar sinais de que desperta da letargia política, podendo eleger um novo governo e implementar uma nova política externa. Hegemonista, ela sempre será, mesmo com os democratas. Mas pelo menos, que não seja obscurantista.
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