A exemplo do Josias, reproduzo as manchetes dos principais jornais do Brasil, destacando, por minha conta, em negrito, as palavras que "fortalecem" a mensagem.
Vejam se é implicância minha ou se um dos jornais, quando não pode mais esconder um assunto, divulga-o de maneira bem mais atenuada, evitando palavras pesadas. Será que é pra não irritar o super-governador-biônico-que-mora-no-Rio?
A Andréa Neves deve ter um "Google às avessas", procurando por palavras-chave "aécio", "tucano", "psdb" e proibindo de associá-las às palavras "mensalão", "corrupção", "crime". Como já disse aqui, ela tem o hábito de "visitar" a redação dos jornais, "corrigindo" alguns títulos e textos. E nunca é demais lembrar que, além de ser pra lá de chegado de Azeredo, Clésio e Walfrido, Aécio foi beneficiado com R$ 110 mil desse dinheiro público desviado no tucanoduto (leia aqui).
Brasil:
- JB: Mensalão tucano derruba ministro do governo Lula
- Folha: Procurador denuncia esquema de corrupção do PSDB; Walfrido cai
- Estadão: Denúncia de mensalão tucano derruba ministro de Lula
- Globo: Mensalão tucano de Minas derruba ministro de Lula
Minas Gerais:
- Estado de Minas: Walfrido se afasta após a denúncia de caixa 2
- Hoje em Dia: Walfrido deixa o governo
- O Tempo: Denúncia de valerioduto derruba ministro Mares Guia.
Aparece a expressão "mensalão tucano" em 3 dos jornais de circulação nacional e "esquema de corrupção do PSDB" no restante. Ponto pra eles, que mostraram imparcialidade desta vez, pois, no escândalo anterior, as manchetes eram "mensalão do PT"
Já nos jornais de Minas, usa-se apenas "denúncia" em dois deles, sem dizer a que se refere... não é mensalão, não é corrupção, não foi feito pelo PSDB, não foi feito em Minas Gerais...
Não é coincidência, nem implicância minha, mas não fica claro que, para o Brasil, está se denunciando um esquema feito pelo PSDB em Minas Gerais, enquanto que, para os jornais mineiros, é uma denúncia que envolve um ministro do governo apenas?
O fato de envolver um esquema de corrupção, que envolveu dinheiro público, e de ter acontecido quando o mencionado coordenava a campanha do PSDB à reeleição em Minas Gerais, que doou dinheiro a mais de uma centena de pessoas, entre elas o atual governador não é digno de nota, certo?
Detalhe: o procurador já disse que, apesar de alguns jornais "chapa-branca" e do PSDB , na pessoa de seus comandantes Tasso Jereissati e Fernando Henrique Cardoso insistirem, NÃO É "só" caixa 2, mas um "esquema criminoso" que envolve dinheiro público.
Demonstra, de resto, que foram borrifadas na contabilidade eleitoral de Azeredo pelo menos R$ 3,5 milhões em verbas públicas. O procurador distribuiu assim a tunga: R$ 1,5 milhão da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais); R$ 1,5 milhão da Comig (Companhia Mineradora de Minas Gerais); e R$ 500 mil do Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais).
Segundo FHC (na "frase do dia" do Blog do Noblat):
"Não, mensalão é outra coisa, houve no tempo do presidente Lula. Significa gente recebendo dinheiro para votar com o governo. Em Minas é outra coisa, foi dinheiro para campanha. Também não é certo, mas são duas coisas diferentes."
É, mesmo, ex-presidente-cara-de-pau?
Então, vamos a alguns trechos da denúncia do procurador Antonio Fernando:
“Assim, tem início a parceria que resultaria, já em 1998, no desvio de pelo menos R$ 3,5 milhões dos cofres públicos do Estado de Minas Gerais para a campanha de reeleição de Eduardo Azeredo, tendo como candidato a vice Clésio Andrade, e, anos mais tarde, nos fatos descritos na denúncia oferecida no inquérito n.º 2245”, o caso da quadrilha dos 40 do mensalão petista."
Decorridos cerca de dois anos do ingresso de Clésio Andrade e Marcos Valério na SMP&B, “inicia-se a montagem do esquema que viabilizou o criminoso financiamento da campanha eleitoral” da chapa Azeredo/Clésio. Um esquema que, segundo o procurador-geral, funcionou assim:
1) desvio de recursos públicos do Estado de Minas Gerais, diretamente ou tendo como fonte empresas estatais;
2) repasse de verbas de empresas privadas com interesses econômicos perante o Estado de Minas Gerais, notadamente empreiteiras e bancos, por intermédio da engrenagem ilícita arquitetada por Clésio Andrade, Cristiano Paz, Ramon Hollerbach e Marcos Valério, em conjunto com o Banco Rural;
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- A denúncia tem como objeto o desvio de recurso público e sua utilização na campanha. E o ministro [Walfrido Mares] é co-autor dela porque participou dos atos que engendraram esse esquema.
- O procedimento do desvio e repasse de dinheiro é o mesmo. Os fatos não são exatamente iguais. Os objetivos são diferentes. Mas isso para o Ministério Público não importa. O que é importa é que os fatos denunciados sejam apreciados e recebidos pelo Judiciário.
- [Os indícios de uso de dinheiro público] são tão claros quanto o outro mensalão. Só que aqui há somente desvio de recurso público utilizado exclusivamente em campanha.
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Denúncia do procurador dobra o bico dos tucanos
Nem FHC nem Serra nem Aécio. A grande estrela do 3o Congresso do PSDB é o procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza. A denúncia do tucanoduto trovejou sobre a festa do PSDB num instante em que o partido preparava-se para pôr o bico no trombone.
Planejara-se, por exemplo, demarcar as “diferenças” entre o PSDB e o PT na seara ética. Em documentos preparatórios, o PSDB mencionara a corrupção da era petista como parte da “herança nefasta” que será deixada por Lula. O procurador-geral tratou de chamar o feito à ordem, como dizem os advogados.
O grande protagonista da denúncia do Ministério Público (íntegra aqui) é o senador Eduardo Azeredo, ex-governador de Minas e ex-presidente nacional do PSDB. Antonio Fernando acusa-o de ter constituído um pé-de-meia eleitoral espúrio na campanha de 1998, quando tentava reeleger-se governador mineiro. Algo que o denunciado nega.
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