Podridão irreversível?!

Podridão na política é igual a axé/sertanejo/funk/pagode: quando você acha que nada de pior pode acontecer, acontece.

Essa operação Navalha da Polícia Federal (louve-se o seu trabalho, se ninguém fica preso depois, é por culpa exclusivamente da Justiça), que ontem "semi-prendeu" ("semi" porque alguns não chegaram a ser presos, outros já estão sendo soltos e no fim das contas ninguém vai ficar na cadeia, só peixe pequeno) um monte de gente, incluindo deputados e ex-governador revela como gente pessoas e empresas corruptas atuam há décadas e não só permanecem impunes como vão aumentando seus tentáculos.

Como uma empresa como esta Gautama, já denunciada pela Justiça, pelos políticos (quando brigam, mas depois fazem as pazes e usam a célebre frase de FHC: "esqueçam o que eu escrevi") e pela imprensa, continua agindo livremente?

A notícia abaixo, acrescida da indignação do Noblat, fala por si, é um festival de fatos repugnantes, a começar pelo fato de um político denunciado pela justiça ser responsável pela comissão na assembléia legislativa de seu estado sobre assuntos exatamente relacionados aos seus delitos:

------------------------------------------------------------------
Comissão presidida por deputado preso recomenda sua libertação

O Brasil é ou não é o país da piada pronta?

Um dos presos, hoje, pela Polícia Federal é o deputado distrital de Brasília Pedro Passos (PMDB). Ele simplesmente é o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Legislativa, que equivale a uma Assembléia Legislativa em outros Estados.

Ex-sócio do atual senador Joaquim Roriz (PMDB) na criação de cavalos de raça, foi secretário de Agricultura no governo dele. Antes, no final do 2002, havia sido preso... Pelo quê mesmo? Por grilagem de terra. E bem antes havia sido apontado por uma CPI da Câmara como o maior grileiro de terras do Distrito Federal.

Em tempo: eleito pela primeira vez deputado distrital com o apoio de Roriz tão logo deixou a cadeia, ocupou mais tarde a presidência da Comissão de ... De quê? Sim, de Assuntos Fundiários da Câmara.

Agora, Passos é acusado de ter embolsado grana para ajudar a liberar R$ 600 mil em recursos para a empreiteira Gautama Engenharia, responsável pela construção de uma barragem na Colônia Rural do Rio Preto, no Distrito Federal

Há gravações de telefonemas onde ele negocia e cobra propina.

O advogado de Passos argumenta que não era propina - mas a cobrança de "dívida de venda de cavalos". Sim, Passos teria vendido cavalos a Gautama, que não pagou por eles.

Esta noite, a Câmara Legislativa deverá votar parecer da Comissão de Constituição e Justiça (sim, a comissão presidida por Passos) que recomenda o relaxamento da prisão do deputado, recolhido por ora à carceragem da Políca Federal.

Não é uma graça? Tudo isso não é uma graça?
------------------------------------------------------------------