Volta e meia tenho vontade de debater com os pessimistas/reacionários de plantão, os mesmos que adoram dizer 'é por isso que o Brasil não vai pra frente', 'ê paisinho de m...', 'parece coisa de primeiro mundo' e 'esse tipo de coisa só acontece no Brasil'. Volta e meia não, o tempo todo.
Desde pequeno ouço e leio que o Brasil deveria deixar de ser um país agrícola, que deveria se industrializar mais, produzir bens manufaturados, etc, aquela conversa de escola à qual todos estamos acostumados.
Só que eu pensava: "Ué! Alguém tem que produzir o arroz, a batata. Se todo mundo produzir só carro o que vai acontecer?". Mesmo raciocínio que me fez criticar, também desde criança, a paixão do ser humano por metais preciosos, como o ouro, etc. Não me conformava em ver mulheres (e agora também os homens) babando por um pedacinho de poucos gramas que custa centenas ou milhares de reais. "Só porque é difícil de achar não quer dizer que valha tudo isso", eu falava.
O que acontecia era que todo mundo produzia arroz e café, e poucos produziam automóveis. Oferta e demanda. Mas agora parece que estamos caminhando para que os alimentos sejam a coisa mais rara. Ter água limpa vai ser coisa rara.
O artigo "A força da Terra e o Brasil", de Mauro Kahn, que li no Globo, que começa com a sugestiva frase "No dia em que um quilo de picanha custar mais do que um MP4 ..." vai direto à questão.
Enquanto os anti-Lula, anti-tudo, anti-Brasil se deleitam com a possibilidade da volta da inflação, debitando, como sempre, na incompetência do governo atual, a explicação mais clara para a alta do preço dos alimentos (pelo menos para um leigo como eu) é que tem gente demais pra comer e gente de menos pra produzir. Todo mundo quer produzir MP3 Players e, portanto, agora quem produz picanha está bem cotado. Não é o mesmo raciocínio anterior, só que invertido?
Então, deixem de ser chatos os que acham que é atraso produzir alimentos, 'ser a horta do mundo', que 'agricultura é coisa de país pobre'. Não é mais, e produzir alimentos vale muito sim.
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