A 'meia-entrada' é assunto de conversas no Brasil há muito tempo, pois é de conhecimento de todos que ela de fato não existe: o que existe é que, como todo mundo falsifica algum documento pra dizer que é estudante e só idiota honesto paga inteira, as entradas inteiras tiveram seu preço dobrado e o preço normal passou a ser o da meia-entrada. Ridículo.
No blog do Jamari, em o Globo, vem-se discutindo isso há tempos. Ele tem postura crítica (e eu me orgulho em concordar com ele, referência na área) não só com relação a isso como ao famigerado jabá, a "propina" paga pelas gravadoras às rádios, TVs e jornais pra divulgar seus "artistas" (entre aspas porque Ivete Sangalo, Armandinho, Detonautas e Kelly Key, por exemplo, estão longe de ser artistas pra mim). Vejam o que ele escreveu quinta-feira passada, 22/02:
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O escândalo da meia-entrada vai bem, obrigado
O segundo caderno desta quinta tem uma grande matéria sobre a meia-entrada, que deu muita discussão aqui no blog em abril do ano passado. Desde então pouca coisa mudou, continua a eterna guerrinha entre os que pagam meia e os estabelecimentos com eventuais burlas da lei. A Associação Brasileira de Empresários Artísticos, que tenta aprovar uma lei federal no Congresso em Brasília, conseguiu acordos em alguns estados, como Minas Gerais e Santa Catarina, que limitam o ingresso de meia-entrada a 30% da capacidade da casa de espetáculos. É feita a ressalva de que se aplica apenas a estudantes de primeiro, segundo e terceiro graus, mestrado e doutorado, excluindo cursos de inglês, culinária, adestramento de pulgas etc.
A matéria do segundo caderno repete argumentos colocados aqui na época, de que os pagantes de inteira são penalizados para que estudantes e "estudantes" paguem meia. No show de Chico Buarque, diz lá, havia dias de 75% de meia-entrada, o que é comum em casas como o Circo Voador.
Na discussão em abril, mostramos que a carteira de estudante era uma fonte de lucro de empresários como o Tutinha da Jovem Pan, que proclamava em alto e bom som que ganhava milhões com o negócio, que tinha convênio até com lanchonetes de fast food para descontos.
Para cobrir custos e obter lucros, os preços dos shows são inflacionados para que a meia-entrada seja quase uma inteira e a inteira seja o dobro do valor que poderia ser cobrado em condições mais realistas. Eu estou na lista dos 'otários' que pagam inteira no caso dos cinemas porque me recuso a ter uma carteira falsificada. Os empresários alegam que se poderia cobrar um preço próximo da meia-entrada para todos se não houvesse a divisão.
Não há garantia alguma de que isso iria acontecer, mas caberia ao consumidor fiscalizar com rigor e denunciar os casos em que houvesse cobrança excessiva. No sistema em que vivemos, cada um cobra o que quer pelo seu produto e o consumidor tem a opção de pagar ou não. Se os preços forem abusivos, que os shows fiquem vazios, que jornais, revistas e sites sejam bombardeados com e mails de protesto para que a voz do consumidor seja ouvida. Parafraseando um slogan criado pela campanha contra a violência, poderíamos também dizer: "Os empresários estão cobrando preços abusivos pelos shows. E aí, não vamos fazer nada?"
A matéria do André Miranda no Segundo Caderno tem alguns dados interessantes. O ingresso do Pet Shop Boys que em 1994 era R$ 22, agora é de R$ 140, quando pela variação da inflação devia ser de R$ 56,6. O de Roger Waters que foi de R$ 70 em 2002 dobrou e, pela inflação, devia ser de R$ 101. Casos típicos que merecem uma dura do público.
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E aí? É legal protestar contra a insegurança, contra o aumento dos deputados, mas contra esta palhaçada também é válido e necessário.
Um comentário:
É verdade Tales.
Isto é vergonhoso mesmo.
Bom, eu e minha esposa somos idiotas honestos, infelizmente (estou concordando com a sua colocação, e não a criticando, oka?).
E isto é foda, pq até minha mãe tem carteira de estudante. Eu a critico d+, mas, me sinto um idiota, por estar pagando um preço dobrado por um entretenimento..
Irei pensar melhor em relação à minha honestidade perante a este ponto de vista...
Ótimo post..
Abraço,
Kimi
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