7.11.08

Rumo ao Rio!

Estávamos conversando esta semana, minha Bia e amigos sobre o famoso Orçamento Participativo de BH (na verdade, se não me engano foi criado pelas prefeituras do PT em Porto Alegre e (muito bem) seguidas aqui em BH por Patrus e Célio de Castro.

Comparamos as obras feitas em BH com a participação popular nas decisões (observando que eu votei em praças de esporte, mas que sempre são reformas de hospitais e escolas, mas fazer o que, é a necessidade do povo primeiro, isso é democracia) com as obras feitas pelo Estado de Minas Gerais, em que as mais badaladas e vistosas são o Centro Administrativo do Governo e a Linha Verde, especialmente a ligação Cristiano Machado-Confins.

Dá pra perceber uma diferença de prioridades, não dá? Por mais que seja bonito, que o pessoal vá 'encher a boca' depois pra falar que temos obras 'de primeiro mundo', não dá pra comparar o custo benefício, o valor gasto dividido pela quantidade de pessoas beneficiadas entre as obras da prefeitura e as obras do estado. Sob esta ótica, as obras de Aécio parecem claramente faraônicas, destinadas a causar impacto em torno de seu próprio nome.

Mas o povo de BH está sendo beneficiado pelas obras 'de primeiro mundo', coincidentemente todas a caminho de Confins? Vieram até com o papo de trem-bala ligando BH ao Aeroporto de Confins, parece que esse projeto existe lá dentro.

E as obras do Centro Administrativo? Nunca vi uma construção em andamento ser iluminada como se fosse a oitava maravilha do mundo, só essa mesmo. O governador virtual faz questão de mostrar como a obra vai andar rápido, como está ficando bonita. Se nós, população, não vamos fazer uso algum dela, é mero detalhe. Como diria o personagem do Chico Anysio (Justo Veríssimo), "Povo? Eu quero é que o povo se exploda!".

Eu só vejo um beneficiado nestas obras do Aécio: ele próprio. Se Leonardo Quintão queria 'gente cuidando de gente', Aécio já faz isso há muito tempo: é Aécio cuidando de Aécio.

Como sempre temos que ver as coisas pelo lado positivo, há, sim, um lado bom nessas obras todas para o acesso a Confins: quem sabe assim nosso governador não aparece mais para trabalhar? Uma vez que agora o Centro Administrativo vai ficar bem mais perto de Confis, e uma vez que nosso governador mora no Rio e só vem aqui de vez em quando (neste segundo semestre, só deu as caras aqui pra fazer campanha para o Márcio Laranja, o resto ficou lá na praia), nada mais adequado pra fazer o Aécio trabalhar que montar um escritório pra ele perto de Confins.

Ou em Confis mesmo. Ou no Rio. Que chique! Rumo ao Rio, Aécio! Que presidente o que, você vai ser nosso faraó. Faraó DE MINAS!!! É MINAS!

Vamos nos vingar dos cariocas e paulistas elegendo um megalomaníaco que não está nem aí para o povo só pra cuidar do complexo de inferioridade contra 'cariocas e paulistas', alimentado pela imprensa, pelo esporte e pelo próprio Aécio, cujo discurso gira sempre em torno de "Minas é forte, Minas é importante, Minas precisa ser ouvida, Minas isso, Minas aquilo". Mas o que ele faz, além de obras que beneficiam a si próprio?

Obs: ontem, pela enésima vez nos últimos dois meses, ficamos sem energia elétrica. Moro a 3 quarteirões da Av. do Contorno, ou seja, região central, em que problemas como esse não deveriam acontecer. Enquanto isso, ficam passando propaganda na TV mostrando os funcionários da CEMIG enfrentando tempestades para fazer a luz voltar e iluminar os quartos das criancinhas com seus ursinhos de pelúcia... aargh! Mas o fato é que nunca tivemos um fornecimento de energia tão ruim. Mas no Centro Administrativo não deve faltar luz decorativa para impressionar os viajantes.

Em tempo: comentário bastante explicativo do meu amigo Raphael 'Rafinha'. Rafas, não quis distorcer nada do que falamos, a responsabilidade por considerar as obras faraônicas é minha, você não concorda com isso, eu sei. Não citei seu nome porque, mesmo você sendo um ardoroso defensor do governo em que trabalha, tive receio de que alguém pudesse ler, interpretar erroneamente e lhe causar alguma espécie de prejuízo no trabalho. Porque sabemos como são tratados os considerados opositores ou mesmo quem não bajula o governador.

Um abraço e taí, seus comentários democraticamente publicados, mas continuo discordando, achando Aécio uma armação, achando que ele gasta dinheiro demais com obras absolutamente irrelevantes para a população, como o centro administrativo. Acho que a obra da Antônio Carlos é muito mais importante para a população que a obra da Cristiano Machado-Confins (e certamente, muito mais barata). Ou, como dizia aquela novela velha, Aécio lembra a Viúva Porcina, a 'que foi sem nunca ter sido'.

3 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro,

Como fui citado na conversa (ainda que indiretamente), não posso deixar de não comentar esse tópico.
Dessa maneira, acho que você cometeu alguns equívocos.
Primeiro: a crítica à escolha dos Projetos Estruturadores que fiz diz respeito à falta de participação do povo na sua escolha, não no fato de serem apenas obras faraônicas (pois sei que não são). Citarei aqui alguns exemplos:
1) Área de Resultado Redução da pobreza
a) Programa Lares Gerais – busca reduzir o déficit habitacional, criando condições de acesso a moradias seguras, dignas e saudáveis para famílias de baixa renda, moradores em habitações precárias e famílias com renda altamente comprometida com pagamento de aluguel, assim como concessão de financiamentos para aquisição de casa própria a servidores da área de segurança pública.
b) Programa Minas Sem Fome – visa a promover a segurança alimentar e nutricional de famílias mineiras em condições de vulnerabilidade social, principalmente no meio rural.
2) Área de Resultado Vida Saudável
a) Programa Saúde em casa – procura universalizar a oferta para a população SUS dependente e ampliar a qualidade dos serviços de atenção primária à saúde, com ênfase em ações de promoção, prevenção e assistência à saúde da família.
b) Programa Viva a Vida – tem por objetivo reduzir a mortalidade infantil por meio do planejamento familiar, da atenção ao pré-natal, ao parto, ao puerpério, ao recém-nascido e à criança até um ano de idade.
3) Área de Resultado Rede de cidades e serviços
a) Programa Pró-acesso – esse projeto propicia a ligação pavimentada de todos os municípios mineiros.


Como esses, existem 57 projetos considerados estruturadores, divididos em outras dez áreas de resultado (Defesa Social, Desenvolvimento do Norte de Minas, Educação de Qualidade, Inovação, Tecnologia e Qualidade, Investimento e Valor Agregado da Produção, Logística de Integração e Desenvolvimento, Protagonismo Juvenil, Qualidade Ambiental, Qualidade e Inovação da Gestão Pública e Qualidade Fiscal).
Você encontra informações sobre as áreas de resultado no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado, que é uma lei e pode ser acessada no link abaixo:

http://www.planejamento.mg.gov.br/governo/publicacoes/plano_mineiro_des_integrado.asp

O OP, na verdade, não é uma grande democratização pois, como sabemos, apenas 10% do orçamento é dedicado para essas obras e as escolhas são condicionadas a uma série de obras, também, pré-selecionadas.
A partir daí, podemos observar que não há tanta diferença de prioridades, já que a duplicação da Antônio Carlos é uma obra da Prefeitura e pode ser comparada à linha verde.
Quanto aos Projetos Estruturadores, você pode ter informações sobre todos eles no site www.geraes.mg.gov.br . Lá acredito que você encontra os valores gastos com cada projeto também. Se não tiver, a assembléia vai disponibilizar em breve.
Apenas uma contribuição para esse espaço democrático.
Grande abraço e, mais uma vez, parabéns pelo Blog.

Rafinha

Anônimo disse...

Senhores,

Tentando ser imparcial, porém absolutamente privado dessa possibilidade, uma vez que minhas idéias com relação ao nosso "faraó" (perfeito), são as mesmas há anos, opino:
1) tudo o que ele fizer pelo social não passa de obrigação dele. Quem votou nele e quem o aprova nas pesquisas é que precisa de assistência. Em geral, muitas obras de pequeno porte resolveriam grandes problemas.
2) é indisfarçável a necessidade de ganhar projeção nacional. Sabemos dos planos.
3) A velocidade das obras do centro administrativo é impressionante. Passei lá hoje. Por que não vemos tanta urgência assim em obras como a duplicação da Antônio Carlos?
4) há de se ressaltar que, por trás de grandes obras, há muito dinheiro envolvido.
5) sabemos como eram (eram? kkkkk) abastecidos os caixas das campanhas.

Em suma, vivemos num estado assim. Muito pior, num país assim. Onde o revoltante vira banal.
Infelizmente, não depende só de nós mudar isso. A um funcionário público, ou a um jovem empresário, ou a qualquer pessoa com um mínimo de esclarecimento, cabe lutar arduamente pela educação. E obviamente denunciar o que há de podre no reino de minaslândia, ou "estado de menas gerais".
Os políticos são o reflexo de nós, povo brasileiro. Só educando, para que, um dia, a média de esclarecimento não seja tão baixa como hoje, a ponto de criar opiniões tão inocentes na hora de avaliar os políticos.
Parabéns Tales. Mantenha a revolta contra o que há de ruim. Sempre de maneira saudável, já que nosso estresse não mudará nossa dura realidade de viver às voltas com raposas.
Galo!

Anônimo disse...

Rafinha,

Perdoe-me a imprudência, mas acredito que, quando mais jovem, você devia nutrir simpatia pelo novo, o diferente, o melhor. Aécio é repetição. Sei de sua posição e entendo. Mas cautela não faz mal.