20.11.08

Três pesos, três medidas

Quase passa despercebido, o Jornal Nacional não vai falar nada sobre isso, mas o Ministério Público denunciou ontem 27 pessoas pelo (não famoso, graças à imprensa) tucanoduto, ou mensalão tucano, ou mensalão mineiro, ou como se queira chamar, o embrião do esquema de corrupção que depois subiu ao governo federal e quase o derrubou.

O primeiro detalhe que chama a atenção é que o 'mensalão mineiro' é anterior ao 'mensalão do PT' (usando os dois termos mais citados na imprensa, já com um claro viés, em que no primeiro se oculta o partido, no segundo não). Mas o 'do PT' foi denunciado em 2005, um ano antes da reeleição de Lula. Já o segundo só vai para a Justiça agora, depois das eleições municipais de 2008, 3 anos depois. Esquisito, não?

Pois tem mais: veja como foi noticiado o fato nos dois principais jornais do país (O Globo e Folha de São Paulo) e no principal folhetim das gerais (Estado de Minas):

Josias de Souza (Folha de São Paulo - Ministério Público denuncia o ‘tucanoduto’ de Minas - Relembra a história, enfatizando que o esquema se destinava a abastecer a campanha do tucano Eduardo Azeredo à reeleição para o governo do estado e que foram desviados R$ 3,5 milhões de VERBAS PÚBLICAS para agências ligadas a Marcos Valério. Na página principal do site da Folha, a chamada é "Denúncia refere-se a um suposto esquema que colaborou com a campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB)."

O Globo - MP denuncia Marcos Valério e outras 26 pessoas por envolvimento no mensalão mineiro.

Já não chama de tucanoduto, mas de 'mensalão mineiro' e 'valerioduto'. Cita Eduardo Azeredo (PSDB), mas o foco é todo em cima de Marcos Valério, como se ele fosse o 'chefe'. Engraçado que no mensalão federal, pegaram o chefe verdadeiro, que era o José Dirceu, e colocaram corretamente o careca como operador. Aqui, jogam tudo nas costas do Marcos Valério para salvar os parceiros tucanos e demos.

Estrago de Minas (Estado de Minas, o 'grande jornal dos mineiros': MP de Minas denuncia Marcos Valério e mais 26 pessoas .

Uma pérola, fala apenas de superfaturamento ou simulação de contratos de publicidade, só cita Marcos Valério e seu sócio, não faz nenhuma conexão à política, nem a campanha, nem a Azeredo nem ao PSDB. Vergonhoso.

Cabe a nós, leitores, sabermos escolher e filtrar quem verdadeiramente informa e quem distorce. Porque, para mim, quem divulga uma notícia tão parcial quanto o Estado de Minas é cúmplice do esquema, não encontro outra expressão. Inclusive porque esse jornal é o destino de boa parte das verbas publicitárias dos governos do PSDB há mil anos...

Um comentário:

Anônimo disse...

que vergonha essa matéria do Estado de Minas. Fala, fala e não diz nada..