Mais que celebrar, é dia de recarregar baterias pra continuar a luta, porque falta muito. Mulher ainda sofre muita violência, tem menos oportunidades de trabalho, ganha menos que o homem, dentre outras coisas.
Não é, definitivamente, dia de soltar os tradicionais 'parabéns por ser mãe', 'por ser delicada', 'pela doçura', 'pela beleza e alegria'. Não, definitivamente não, isso é machismo, tô fora. Sobre isso a Cynthia Semiramis fala com autoridade, vale a pena lerem aqui
Mas queria deixar aqui algumas homenagens:
À mulher que, em épocas muito mais opressoras que as atuais, já se permitia sair do convencional. Além da mal-remunerada profissão de professora (para muitas, o máximo que uma esposa poderia alcançar na sociedade machista de então), sempre foi a gestora da casa, da carreira dos filhos e que criou seus próprios empreendimentos, mantendo-se na ativa, sempre cheia de ideias, sempre buscando novos desafios. Às mulheres como Dôra, minha mãe.
À mulher que ousa sair do 'caminho natural', que estuda, escolhe um curso, muda de ideia, tenta outro caminho, não gosta, tenta mais um e acha sua vocação - como Engenharia, mais um setor onde, na minha época, praticamente só havia homens, e agora elas ocupam - contra as vozes tradicionais que preferiam que se acomodasse. À mulher que, caçula e sob a desconfiança natural de uma família religiosa, escolhe namorar e se casar com um homem divorciado e já com dois filhos. Enfim, à mulher que tem coragem pra buscar seu caminho com ousadia e inteligência, mulher que é o oposto do 'sexo frágil'. Às mulheres como Bia, minha esposa.
Às mulheres que vão ocupando o espaço dos homens nas empresas, que utilizam as diferenças entre homens e mulheres (que existem, e é estupidez fingir que são iguais) a seu favor, que desempenham com louvor o seu trabalho, tornando-se protagonistas de uma empresa em uma área - TI- onde há pouco tempo só havia homens. Às mulheres como minhas colegas de trabalho da Task.
Às mulheres que simbolizam, cada uma no seu setor, a luta e a ocupação de espaços e cargos até então impensáveis. Mulheres que suportam a dor e o preconceito, e que vencem em um universo quase que unicamente masculino. E que não sobem sozinhas, levando consigo a bandeira da luta pela igualdade de oportunidades, abrindo espaços - no discurso e na prática cotidiana - para as outras mulheres. Às mulheres como nossa presidenta Dilma Rousseff!
Blog para discutir minhas posições pessoais sobre política, justiça, cidadania, marketing e tecnologia
8.3.12
2.3.12
Uma coletânea de pérolas de José Serra, 'o mais preparado'
Não tem jeito. Depois da pérola de ontem, quando José Serra, o eterno candidato, o 'mais preparado para governar', segundo Veja, Folha e Globo, disse em entrevista ao Boris Casoy (Serra é o único pré-candidato a alguma coisa que dá entrevista a todos os jornais e TVs) que o Brasil se chama 'Estados Unidos do Brasil', tive que fazer uma coletânea das suas pérolas.
Vejam, morram de rir e desconfiem quando lerem ou virem por aí que ele é um 'gestor competente':
O resto da coleção de pérolas dessa besta está abaixo:
2009: Serra, 'o melhor ministro da Saúde' segundo o PSDB, dá a receita para combater a gripe suína: "a doença é transmitida dos "porquinhos para as pessoas só quando eles espirram". "Portanto, uma providência elementar é não ficar perto de porquinho algum", aconselha". Veja o vídeo:
Serra ensina porcentagem a crianças em escola: "170 / 37 dá 'mais ou menos' 48". Veja:
2004: Serra promete na TV (e registra em cartório!) não abandonar a prefeitura de São Paulo, caso fosse eleito. Foi eleito e abandonou pra ser governador (o que fará novamente, para tentar ser presidente de novo):
Aí embaixo, como nossa imprensa trata com justiça os candidatos de todos os partidos:
Vejam, morram de rir e desconfiem quando lerem ou virem por aí que ele é um 'gestor competente':
O resto da coleção de pérolas dessa besta está abaixo:
2009: Serra, 'o melhor ministro da Saúde' segundo o PSDB, dá a receita para combater a gripe suína: "a doença é transmitida dos "porquinhos para as pessoas só quando eles espirram". "Portanto, uma providência elementar é não ficar perto de porquinho algum", aconselha". Veja o vídeo:
Serra ensina porcentagem a crianças em escola: "170 / 37 dá 'mais ou menos' 48". Veja:
2004: Serra promete na TV (e registra em cartório!) não abandonar a prefeitura de São Paulo, caso fosse eleito. Foi eleito e abandonou pra ser governador (o que fará novamente, para tentar ser presidente de novo):
Aí embaixo, como nossa imprensa trata com justiça os candidatos de todos os partidos:
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5.2.12
Ouvindo a voz das ruas
Escrevendo um post meio tosco aqui, quase que uma tuitada com mais de 140 caracteres, mas não podia passar em branco:
Minha Preta e eu hoje, voltando do Mercado Central de Montevidéu (não sei se chama Mercado Central), pegamos um táxi. Os táxis daqui têm um vidrão tipo blindado, com uma gavetinha pra passar o dinheiro, deve ser por questão de segurança, achei estranho, nunca tinha visto assim. Eu gosto muito de puxar assunto com os motoristas de táxi onde quer que eu vá, é uma maneira de medir a opinião pública sem passar pela grande mídia. Me intimidou um pouco desde quando chegamos, mas hoje resolvi arriscar, naquele portunhol que faria Collor e Luxemburgo parecerem doutores em Línguas:
- E Mujica, que pensam sobre ele?
(o cara olhou pra trás, pra ver quem estava falando, e avisou, já percebendo que éramos brasileiros:)
- Mujica e Lula são assim (aquele gesto de dedos indicadores próximos), sabia?
- Sabia, eu adoro Lula, quero saber o que la gente de Uruguay pensa sobre Mujica
O cara falou como se fosse um daqueles libertadores sul-americanos. Sensacional. Como os argentinos também falam sobre seu povo. E os chilenos também. Os brasileiros não, que pena.
Falou de como Mujica está cansado de lutar contra a elite, mas que, seguindo Lula, como ele luta para um Uruguai livre e irmão dos irmãos da América do Sul.
Falou que antes de Lula, os países da América do Sul viviam isolados, só se comunicavam via Estados Unidos e Europa, agora somos irmãos, não temos fronteiras ('algo impensable antes de Lula'), que é uma alegria receber a todos, todos com seus sorrisos e seus apertos de mão, uma América que não se pensava mais existir.
Perguntei sobre reeleição, sobre popularidade. Ele disse que Mujica é muito popular, mas que está muito cansado, é uma luta desigual contra a elite (já viram este filme?), que não quer se candidatar, mas não achou ainda outro nome, como nosso Lula achou a Dilma.
Mas que espera que este caminho que a América do Sul está seguindo, ('con Mujica, con Lula y Dilma, con Rafael') de dar ao seu povo, sempre massacrado pela elite, a oportunidade de decidir seu destino, não se interrompa.
Um povo que agora tem voz, que tem emprego, todo mundo com emprego, orgulhoso, com seu trabalho, comprando suas coisas, fazendo seus projetos de vida.
Concordamos plenamente. Eu, emocionado. Minha esposa tucaninha, com olhos arregalados, concordando não sei se por educação, se por realmente sentir o que é o povo (não é o da Folha, Veja & Globo).
Ele perguntou como o Brasil via o Lula. Antes que eu completasse, ele me disse 'só o povo de São Paulo não gosta dele, não é?'. Eu concordei dizendo que não era São Paulo especificamente, mas a elite econômica, que não queria abrir mão de privilégios. Ele, já velhinho, fez uma cara de 'conheço isso', bem 'va bene', falou 'eu sou filho de italiano, sei como é esse preconceito, e não triunfará'. Darwin te ouça!
Saí extasiado, realizado, foi meu presente hoje, quando completo meu 1o ano de casado. Não sei se o povo do Uruguai é diferente, mais informado (pô, o cara sabe que São Paulo lidera o ódio anti-Lula) e nacionalista, ou se realmente há uma mudança de mentalidade da América do Sul inteira. Espero que seja a segunda hipótese.
E confiante que, com essa voz das ruas, a elite (aqui no Brasil representada pelo PSDB) não voltará a nos massacrar. Não mesmo.
Minha Preta e eu hoje, voltando do Mercado Central de Montevidéu (não sei se chama Mercado Central), pegamos um táxi. Os táxis daqui têm um vidrão tipo blindado, com uma gavetinha pra passar o dinheiro, deve ser por questão de segurança, achei estranho, nunca tinha visto assim. Eu gosto muito de puxar assunto com os motoristas de táxi onde quer que eu vá, é uma maneira de medir a opinião pública sem passar pela grande mídia. Me intimidou um pouco desde quando chegamos, mas hoje resolvi arriscar, naquele portunhol que faria Collor e Luxemburgo parecerem doutores em Línguas:
- E Mujica, que pensam sobre ele?
(o cara olhou pra trás, pra ver quem estava falando, e avisou, já percebendo que éramos brasileiros:)
- Mujica e Lula são assim (aquele gesto de dedos indicadores próximos), sabia?
- Sabia, eu adoro Lula, quero saber o que la gente de Uruguay pensa sobre Mujica
O cara falou como se fosse um daqueles libertadores sul-americanos. Sensacional. Como os argentinos também falam sobre seu povo. E os chilenos também. Os brasileiros não, que pena.
Falou de como Mujica está cansado de lutar contra a elite, mas que, seguindo Lula, como ele luta para um Uruguai livre e irmão dos irmãos da América do Sul.
Falou que antes de Lula, os países da América do Sul viviam isolados, só se comunicavam via Estados Unidos e Europa, agora somos irmãos, não temos fronteiras ('algo impensable antes de Lula'), que é uma alegria receber a todos, todos com seus sorrisos e seus apertos de mão, uma América que não se pensava mais existir.
Perguntei sobre reeleição, sobre popularidade. Ele disse que Mujica é muito popular, mas que está muito cansado, é uma luta desigual contra a elite (já viram este filme?), que não quer se candidatar, mas não achou ainda outro nome, como nosso Lula achou a Dilma.
Mas que espera que este caminho que a América do Sul está seguindo, ('con Mujica, con Lula y Dilma, con Rafael') de dar ao seu povo, sempre massacrado pela elite, a oportunidade de decidir seu destino, não se interrompa.
Um povo que agora tem voz, que tem emprego, todo mundo com emprego, orgulhoso, com seu trabalho, comprando suas coisas, fazendo seus projetos de vida.
Concordamos plenamente. Eu, emocionado. Minha esposa tucaninha, com olhos arregalados, concordando não sei se por educação, se por realmente sentir o que é o povo (não é o da Folha, Veja & Globo).
Ele perguntou como o Brasil via o Lula. Antes que eu completasse, ele me disse 'só o povo de São Paulo não gosta dele, não é?'. Eu concordei dizendo que não era São Paulo especificamente, mas a elite econômica, que não queria abrir mão de privilégios. Ele, já velhinho, fez uma cara de 'conheço isso', bem 'va bene', falou 'eu sou filho de italiano, sei como é esse preconceito, e não triunfará'. Darwin te ouça!
Saí extasiado, realizado, foi meu presente hoje, quando completo meu 1o ano de casado. Não sei se o povo do Uruguai é diferente, mais informado (pô, o cara sabe que São Paulo lidera o ódio anti-Lula) e nacionalista, ou se realmente há uma mudança de mentalidade da América do Sul inteira. Espero que seja a segunda hipótese.
E confiante que, com essa voz das ruas, a elite (aqui no Brasil representada pelo PSDB) não voltará a nos massacrar. Não mesmo.
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